13 agosto 2009

Carta de um suicidada








Fui suicidada pela minha família, por mim mesma, pelo meu signo, pelo meu número. O próprio mundo se modificou com a finalidade de provocar um paradoxo na minha vida: Na medida em que ia aprendendo a amar, fui sendo “expulsa dos grupos comuns” e individualizando uma essência que talvez nem fosse minha. Sou somente uma criatura banal de um projeto infeliz, mas não acho que tenha sido tão ruim assim...Pois embora sinta várias mãos a acalentarem meu desejo, nenhuma delas me empurra de forma que ascenda e acenda um brilho oculto de abismo. Ou seja, não há quem me tenha impulsionado a forca,ou ao veneno, sabe? A própria lucidez trata disso.
A espera é inútil e preguiçosa. O tempo não me alcança, não me convém. Os ouvidos já cansaram de infortúnios alheios, não sou mais eu. Nunca o fui.Pois cabalisticamente fui descrita em versos, incompreensíveis palavras que tentam, ainda que efêmero, o impossível. Abarcam minha infância difundindo risos e lágrimas. Sempre infiel, sempre amando, sempre distraindo, sempre envolvente. Não mais que envolvente.Não mais que envolvente. Um pouco mais mecânico que isso, um tanto mais sobrenatural.
Sou envolvida por isso também, e ainda mais pela frieza que desinteressa em mim.E começo a duvidar da existência da culpa. Se tudo é explicado (ou ao menos uma incessante tentativa) ela nunca será a todos atribuída pela minha morte,inclusive em algumas pessoas que me foram mais fortes na história.Já não agüento mais tudo isso. Todas essas formas de informar, de dá satisfação sobre meu ato, minha dor. Já não sinto dor, ela é me é instalada ao juízo. Fui suicidada por toda essa baboseira, e de tão inútil é a força geral que ainda permaneço viva.

2 comentários:

  1. Putz, essa carta foi muito bem escrita.
    Pena que estejas morta, suicidada, rs.
    E que bom que permaneces viva, rs².
    Continuo acompanhando e aprendendo alguma coisa. =p

    Beijo.

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