16 abril 2012

Café com poesia




Dois casais na minha frente.
Cada par numa mesa paralela, apenas dois,
ou seriam quatro?
Individualmente fazem os pedidos
Ele vai de espumone, ela milk shake
Do outro lado, cerveja para ele,
chocolate quente ela.
sussurram tão baixo que revelam seus segredos,
bem os conheço,não me cabe surtos;
um casal foi embora.
O outro me observa.
Finjo não perceber que os criei,
Porque os observo?
Enquanto espero ninguém em silêncio,
o teu olhar dual me fita,
(noutro lado da cidade)
em vultos.

05 abril 2012

Acaso o piano




Ele dançava mãos suaves
pelo piano
empurrava crédulo e inteiro os dedos
como se não houvesse plateia.
Era vazio de pensamento, experimentava a si.
Atingiu em cheio
meus sentidos destoados,
Perdi o chão;
de tão leve passei a sobrevoar feito pássaro proibido
pessoas jantando em companhia
pareciam imóveis, feitos de cera.
Mas eles moviam-se sincronicamente com a melodia.
Comungávamos da mesma sagacidade
Eu, minhas asas e a música.
apenas ele dançava, nem alegre nem triste
indecifravelmente conformado.
Logo pensei atravessar a nado os ritmos
da música.
O músico me embevecia
enquanto contemplava o acaso.