24 maio 2010

Nossos fins, justificados pelos meios





Encostei-me na parede pra chorar “junto” à chuva
Meu coração parecia um terremoto
E fez tremer o concreto inabalável
Pulsava alto, cada vez mais, e quase como
um trovão ele gritava...
mas apenas eu podia ouvir seu tormento
que misturado ao pensamento,
O real se tornava abstrato, e o sonho seguia atemporal
A dor meio terna, quase branda
E as lágrimas já não tinham peso...

Foi quando despertei chocada, ainda chovia,
Porque mesmo andava cabisbaixa?
Simplesmente não entendia, não me lembrava...
Sim, havia um gato morto na estrada
Porém nada fazia sentido... O frio doía meus ossos
E o ócio que ali vivia, assombrava minha vigília
Insone, febril, sem esperar novidades,
E sem, porém abandonar seus observados;

Então, cria no liquido à parte o concreto
Na chuva representando o esvair de meus dias
No gato, ao fim da sétima vida...
Cria no desespero da perder as lembranças,
Na bela história, como seria?
Se o modelo não fosse a tragédia;
E se enfadada dessas heranças humanísticas
Enfiasse água a baixo os vestígios deste mundo.

Viver feito serpente absoluta e tensa
Ou borboleta em seu auge, um tempo curto.

Genuinamente rotineiro





Apague a luz, amor!
E deixa que a do incenso se abstenha
Diante cada segundo que queima,
Para que represente o tempo se esvaindo
Quase no mesmo instante em que se vive o presente
E antes que se pense, ele é ausente e infindo.

Não esquece amor, de trocar as pilhas do relógio!
Senão ele para e desperta noutra hora
Certamente errada, perdida de contexto.
Vamos rezar e pedir pra não ter pesadelos
Deixa que o dia passe, para que amanhã
possamos imitá-lo novamente.

Fecha as janelas, vem dormir!
Meu corpo pede sossego
Pra depois do descanso, quem sabe
Lembrar a essência verdadeira...
Acordar, tomar café. O prazer de estar vivo;
E planejar resolver problemas
sem se importar com o pouco tempo.

E quando preparados, conversaremos
Algo oportunamente descontraído, criando
uma discussão que assim se desenlaça:
(em pauta exatamente nossa diferença!)
Eu falo em solução e você investe na causa.

Realismo Fantástico






Um brinde;


Aos nossos sonhos


que dispensam realidade


Já que nossa verdade,


É um realismo fantástico!





Como Gabriel García, os nossos cem anos de solidão...

17 maio 2010

Vicissitudes






(Queria ter o dom de deixar
escapar da memória pessoas...
Estas que às vezes parecem que nunca existiram
Outras, ao contrário, são tão reais
que se guardam em algum adjetivo, aqui dentro.)

Temo aceitar que eu própria sou real, quando
Volto a ser criança através dos cabelos curtos
Lembro-me: sonhava-o grande e chorava de vergonha
Pois a tesoura devia enquadrar meu rosto fino...
(apenas hoje pude exercer o meu querer!)
Os olhos, porém, ainda carregam brilho e medo
Escondidos num sorriso calculadamente sincero.

Finjo ser uma escolha ser só;
E permaneço distribuindo abraços e conselhos
Fazendo dos amigos, pacientes psíquicos
E quando me perguntam quem sou
Respondo que ainda não me cadastrei
Chorei em corredores, banheiros, quartos
Banhei-me de nicotina e outras substâncias
Menos nocivas que a perturbação
de morrer em vida.

Ah! Como demora o pesar de outrora
Enquanto caminhava pelas noturnas quadras
Passou tanto e não passou uma hora!
Fui arrasada para a natureza urbana
Um muro que pouco suportou chuva e vento
Ao longe, pessoas sobrevoando
E eu, pronunciando murmúrios inaudíveis
Testemunhados por um punhal de areia
E almas; além de latidos distantes...

Por todos que passei, que curiosidade!
O medo sobressaia de seus rostos
Numa mistura, por acaso de animosidade
E cacos espalhados de vida.

12 maio 2010

Soneto Cannabis






Pousa meus poros um vento
Fino e gelado
Em toda camada da pele
E sinto que pesam logo vermelhos
A doce brisa nos olhos

Acendo o cigarro e reparo solto
Se me renova essa sorte
Os tragos dos céus; Os risos sem pausas
As asas que me fazem santo

E agora viajando longe a alma
Feita em lápis de rio corrente
Descanso as chaves da maldade

Pronto! Está consumada a calma
Esqueço os problemas; o sofrimento
E vou dormir na sensibilidade cannabis.

10 maio 2010

Legalize Já!!!





Carlos Minc (ministro do meio ambiente); Arnaldo Jabor, FHC, Lula, Chico Buarque, Ney Matogrosso...Só pra citar alguns nomes(são tantos!) a favor da descriminalização!


Holanda, Bélgica, Suíça e Canadá são países desenvolvidos e prósperos onde a maconha é legalizada!


Os argumentos não caberiam aqui, mas se é pra controlar o uso e diminuir o tráfico; a solução: LEGALIZAR!!!

Precisamos acabar com o tabu de que a Cannabis Sativa é porta pra outras drogas! A própria proibição é tentação pra "quebrar as regras"....

Brasil,

tá na hora

de mostrar

MATURIDADE!


Legalizar é um direito , cada um cuida de si e diz o que é melhor para si.


Tá mais que na HORA !!!!!



01 maio 2010

Soneto da Poesia



Poesia é como uma criança tímida;
Que desmancha lentamente; Languida e atenta
Aos mínimos, mais impossíveis momentos
Números, ruas, pedras, nuvens...

A poesia é hipocondríaca e fina
Alinha valores incompreensíveis
Intromete em espaços com distância
[e propriedade única
Destroça, amedronta , afronta, grita!

Poesia é o corte do bisturi
Dos mais profundos, que sangra desesperadamente
Dá sede, vontade de matar!

Poesia é o gosto da última gota
Torneira torta, quebrada (entupida de duvidas e densidade)
E eterno risco de nunca mais voltar.