04 fevereiro 2016

O grande encontro






Relacionar-se com o objetivo do conhecer, não de apropriação. De crescimento, não de sucção. Trocar energias e conhecimentos, compartilhando os passos, expandindo espaços. Cada qual em seu degrau de aprendizado. Cuidar das dores para amenizar o sofrimento. Sem julgamentos, transformar a mágoa em compaixão. Ousar aos apontamentos para construir a excelência. Renovar a penitência em função do fortalecimento. Os encontros nos constroem, mas o grande encontro nos promove. Retornar para dentro de si é também perceber um novo saber atrelado ao antigo. Reconhecer-se à essência maior, vivenciar os sentimentos de humildade, compreensão e cuidado para desfrutar das sensações de plenitude, alegria, paz. Amor incondicional. Há um universo que nos guia, basta confiar e se entregar... Quero adentrar a floresta, e deixar ela adentrar em mim, afinal, somos terra, planta, ar, água... Tudo composto da mesma pulsação divina dançante que faz do milagre da existência essa magia toda inefável. Elementar. Refloresta(mente), cultivar a terra que há de nos renovar. Trabalhar a percepção e silenciar tanta coisa que não cabe em palavras. Há um rio que nos banha, em cada curva um (re)encontro. Em todo fluxo, serenemos.


19 outubro 2015

Entre nós






Entre as nossas almas puras
estrelas de ancestrais magias
pulsam duras vontades de não sei

parecido uma alegria infantil
de criativos pensamentos
-audaciosos projetos de nenhum tempo-

Os toques indeléveis
os planos indizíveis
agarram-se ao invisível
sentimento bom de cuidar
de querer atar-se
mesmo ao consequente
sofrimento

um novo rumo é construído
os pés desacostumados titubeiam
mas seguem em frente, bravios
a conhecer os mares.


Entrelaço





Um fractal divino
de flores
compõe
todo o espaço de meus olhos

lembrança espiritual de nós
na página lapidada da memória

cumplicidade santa
dos corações entregues

corda bamba
do desejo à distância

inquietude contida,
cálidos pensamentos
noturnos

nenhum escudo
nenhum veneno

mantras e louvores
a essência
dos diamantes

nos atam
num fractal
divino
de flores.

15 julho 2015

Nossas flores






Impregnei-me na noite para divertir

ouvi os escritos, li músicas clássicas
mas evitei comida, e só não fui comedida
por exceder o pensamento a ti.
                                                     
Abdiquei do vinho por um chá de gengibre e limão
depois de dançar, como havia prometido,
de olhos fechados
no tapete felpudo da sala.

Enquanto esperava esfriar a xícara
pus meus pés em água quente e ervas
e observei a fumaça do incenso
entre as orquídeas mais belas
sobre a mesa.

Citei teu nome para as flores
que brotassem ali
ajudassem a equilibrar tua embriaguez
(o centro delas é a harmonia do universo)

Ainda não havia flor, mas uma bolsinha
guardava a semente que ventanearia
a nossa poesia para outras espécies

nos perpetuando em pétalas.

01 setembro 2014



Tanto mais entendimento, tanto menos necessário falar.

28 abril 2014

A profundidade da palavra




As palavras, como os objetos, são encontrados
nos lugares mais inapropriados.

Como a profundidade da palavra,
se uma andorinha voando no céu
não compõe o poema?

Dissipa na magnitude do voo.

Assim como o beija-flor parado
em seu delicado bater de asas
não compõe o poema;

escorre na fragilidade da beleza.

As explosões do astro rei; o contínuo
acordo entre as luas e as marés,
a sofisticadíssima tecnologia das plantas;

nada disso compõe o poema.

A poesia é a voz que narra o instinto
e vai compondo a fotografia.

Disseram-me que as palavras não têm vida,
mas sei que são recicláveis:

Nada é estático, tudo se resignifica.