18 dezembro 2012

Anauá, árvore florida




“Não há o que se ensinar às crianças, mas delas aprender tudo.” Dostoievski


Não te precipites minha pequena
com os contratempos da família
o porvir é tão pontual que cerca
teu riso sereno, o corpinho preguiçoso
inunda de brilho na sabedoria dos
teus olhos que sabem de tudo! 
Ah, meu doce anjo, de tudo sabes...
(nem imaginas, esquecerás um dia?)

Lembro-me de tuas pequenas mãos e
tenho que rir; não demais, a sociedade
nos corrompe a longo prazo, mas nãos
os culpe, não deve haver esse sintoma
não julgues, não percas teu tempo!
Inexiste ódio se te abrandas o verão
Inexiste dor se te consola a chuva;
não chore em vão, mas por motivo ausente
é boa a solidão se as lágrimas te sentem:

Há um jardinzinho na tristeza,
frutifica com o silêncio (preza-o bem!)
floresce no perdão e à passos leves
então torna amor o que te parecer estranho
não confia nos normais, mas nos insanos
porque apesar de ti, havia o passado
eu inocente, declarando pergaminhos
quando o presente é um sudário
não o santo, mas o viciado em sentimentos

expondo a carência da humanidade
e a inutilidade do mundo (mortos os conselhos!)
experiências constroem as lembranças:
únicas chances de sabermos da vida
(admitir o quão nada sabemos!)
pensamento é perfeito, felicidade é
o caminho do meio, enfim faz o que
bem queres neste vazio
fragmentado,
infinito.





17 outubro 2012

Balancear






Em torno de mim as mesmas pessoas
através da fechadura da rua
é possível tomar um suco de maracujá
sem importar ser visto.
Aqui, não há muito o que distinguir:
Todos dilatados na moda comum
ávidos por coisa alguma
no dia de amanhã.
Logo pareço dona da própria cor
um bolo de limão e um misto-quente
com guardanapo verde                        
confirmam minha descrição
mando versos para alguéns
e me sinto tão bem vestindo tais mentiras!
                                                             
É que ando apaixonada em não
sentir nada por ninguém
Que posso, então, contra o mundo?
A paz sustenta meu coração
e isso é tudo.



04 outubro 2012

Ela




(ou personificação da poesia)


A boca babando regava
a rotina dos próximos dias.
Só agora pude entregar o cansaço ao
deleite horizontal do desligamento;
Restos de ontem saboreiam
a sensação de nunca mais.
Aqui, nesse instante de vida
prendi os joelhos para amenizar a dor
ao meu lado o caderno aberto
capta a realidade que
me encara nos sonhos
enquanto me entrego às suas
inomináveis
estranhas
histórias
reais;

Porque não repousam os tais movimentos?     
Do outro lado foi possível voar
na suprema aparição! Eis que ela surge!
A poesia com silhueta de nuvens
me condena ao paraíso encorporado das
letras,
enfim pude exercitar sobre a inutilidade
emaranhada de registros ausentes
para tropeçar, angustiosamente, em sua
nudez branca, musa sem rosto!
Elegantemente silenciosa
não profere alguma voz senão
através da música,
como um cordão vibrando transparente
para reger os ventos na maestria
delicada da sensibilidade
( mais adotada que imposta)

Só agora pude dividir meu eixo
olhar, conversar com Ela, sem porém
vê-la ou fitá-la de fato,
mais uma empatia absoluta
da filha diante a deusa desavisada
dos sentidos.

02 setembro 2012

Consumir





Tenho medo da hora em que se aproxima
como se o futuro espreitasse ameaçador
noturno, um inimigo sem causa
vestindo as calças de amenizar o frio.
É sexta de incenso, mirra e Bethoveen
melodias sobmedidas para conter a
                       ansiedade.
Quando o ouro derrete, transforma.
Até o passado é meio incerto
que tempo perspicaz!
Corre habilidosamente voraz e silencioso
à festiva ilusão das contrações involuntárias;
O corpo tem seus assaltos.

A hora continua se aproximando,
distância perigosa que ainda
não tropeçou no abismo
mas conhece a sensação da queda
É sexta de Julho, bom para recordar
isentar o cansaço dos últimos dias
desunidos.
Cada surto com seu ritmo.

27 agosto 2012

Fatual




 






É novidade arriscar perder a solidão.
ainda escolho produzir encantos
discretíssimos
como se arrancasse um pouco do
chão em que se vai passando
É aí minha mais expressiva contribuição:
Um mundo de conhecimento e eu
vagando superficialmente com sal
e sede, insaciável, para engolir
com os olhos as tais diversidades
dos humanos.

Humanamente humanos espreitam
Percebo que sou eu, apenas eu
um plural de sentimentos
rezando pela unidade do restante.