03 julho 2012

O diluir dos anos







É sono ou o quarto tornou-se bolas azuis
frenéticas , espelhadas

dançando farpas e beijos?


Pensei que era festa

quando tive meu primeiro cartão de crédito

mas as luzes apagam antes do amanhecer


Ainda me chamam moça

invertebralmente aqui dentro

fios e cacos cortantes

Inútil enganar meus companheiros invisíveis;

Somos sós.

Quando custo a crer nos mil

anos em que nasci.


Só peço quando estiver deitada na cama de madeira

por favor, não me cubram os pés

formalizar despedidas é agonizante


Ri em mim lembranças da infância irretocável

torno-me como elas, as crianças

atemporais, inteiras, entregues

doídas.


Com os pés desnudos, imundos de brancura.





Nenhum comentário:

Postar um comentário