24 maio 2010

Nossos fins, justificados pelos meios





Encostei-me na parede pra chorar “junto” à chuva
Meu coração parecia um terremoto
E fez tremer o concreto inabalável
Pulsava alto, cada vez mais, e quase como
um trovão ele gritava...
mas apenas eu podia ouvir seu tormento
que misturado ao pensamento,
O real se tornava abstrato, e o sonho seguia atemporal
A dor meio terna, quase branda
E as lágrimas já não tinham peso...

Foi quando despertei chocada, ainda chovia,
Porque mesmo andava cabisbaixa?
Simplesmente não entendia, não me lembrava...
Sim, havia um gato morto na estrada
Porém nada fazia sentido... O frio doía meus ossos
E o ócio que ali vivia, assombrava minha vigília
Insone, febril, sem esperar novidades,
E sem, porém abandonar seus observados;

Então, cria no liquido à parte o concreto
Na chuva representando o esvair de meus dias
No gato, ao fim da sétima vida...
Cria no desespero da perder as lembranças,
Na bela história, como seria?
Se o modelo não fosse a tragédia;
E se enfadada dessas heranças humanísticas
Enfiasse água a baixo os vestígios deste mundo.

Viver feito serpente absoluta e tensa
Ou borboleta em seu auge, um tempo curto.

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