17 maio 2010

Vicissitudes






(Queria ter o dom de deixar
escapar da memória pessoas...
Estas que às vezes parecem que nunca existiram
Outras, ao contrário, são tão reais
que se guardam em algum adjetivo, aqui dentro.)

Temo aceitar que eu própria sou real, quando
Volto a ser criança através dos cabelos curtos
Lembro-me: sonhava-o grande e chorava de vergonha
Pois a tesoura devia enquadrar meu rosto fino...
(apenas hoje pude exercer o meu querer!)
Os olhos, porém, ainda carregam brilho e medo
Escondidos num sorriso calculadamente sincero.

Finjo ser uma escolha ser só;
E permaneço distribuindo abraços e conselhos
Fazendo dos amigos, pacientes psíquicos
E quando me perguntam quem sou
Respondo que ainda não me cadastrei
Chorei em corredores, banheiros, quartos
Banhei-me de nicotina e outras substâncias
Menos nocivas que a perturbação
de morrer em vida.

Ah! Como demora o pesar de outrora
Enquanto caminhava pelas noturnas quadras
Passou tanto e não passou uma hora!
Fui arrasada para a natureza urbana
Um muro que pouco suportou chuva e vento
Ao longe, pessoas sobrevoando
E eu, pronunciando murmúrios inaudíveis
Testemunhados por um punhal de areia
E almas; além de latidos distantes...

Por todos que passei, que curiosidade!
O medo sobressaia de seus rostos
Numa mistura, por acaso de animosidade
E cacos espalhados de vida.

2 comentários:

  1. Desenho sua silhueta com os meus ombros aparando o peso de suas costas em meus braços! saudades amiga, parabéns, Grande artista!

    ResponderExcluir
  2. Revés passado / presente, direito ao contraditório.

    Ao longe, que cena!

    ResponderExcluir