01 maio 2013

Wagner, o caso





A Nietzsche

“ Somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável o que há de terrível na vida”


O eterno retorno do mesmo é teu,
nasceste póstumo para fragilizar as certezas
e ainda indagamos pra que, Nietzsche?

teus olhos me assaltam quando distraída
vejo duas bolas imensas, submersas
na brancura infantil entre as pálpebras
como negras ilhas gêmeas
desarmadamente preparadas
e ainda equipada de um fatalismo paradoxal

Ah, Wagner! Como queria pronunciar
alto teu nome! quem incitou essa vontade
nos diria tão bem como tudo é nada
e o vice versa a música resplandece
nas veredas do amor;

Com nós não, foi a poesia que nos encarnou

Quem sabe, Wagner, apaixonamo-nos
por vício, egoísmo ou procura,
talvez até desejo e incerteza

percebes a malícia perfeitamente
cruel de sua boa escrita, Nietzsche?

Quiseste matar a tua dor, ao contrário,
eternizaste-a de boca em boca, permeando
quase todos graus de cultura e até asneiras
teu nome estático, difícil, malhado

Quem há de nos defender? Formamos um trio
desconhecido, distantes de datas, corpos
e línguas. Ninguém há de tomar nossas dores

mas embebedam-se delas, a procurar
preencher um vazio que só aumenta.




Um comentário:

  1. O eterno retorno causou dentro de mim o maior dos espantos. Nada é tão genial como esse pensamento de Nietzsche. Abraços!

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