(Não posso mudar teus poemas,
Cecília, nem creia que desejo fazê-los!
São tão perfeitos teus versos... )
Mesmo onde não há poesia
esconde-se um verso branco
Por detrás dessas montanhas, são versos
das grandezas dos tamanhos aos
ínfimos grãos das areias, estão os versos
escorrendo da chuva,
inundando o universo
nas histórias reais onde jamais
imaginava poesia, estão teus versos
simplesmente uma aparição embaraçosa
um cisco, um presságio
não convém procurá-lo, o verso
porque ele não se esconde,
ao contrário, se mostra.
Ali, na nuvem, nas cores, no segredo
das sensações remotas
o verso explora um sentido
descontente, necessário, livre
o verso é livre porque aquele
que é preso, é fingido e foge de si mesmo
o verso não foge, ele galga a frente
contemplado, silencioso, eterno;
este é o verso, sagrado como a natureza
ele se basta e se alimenta da própria leveza
não é preciso buscá-lo, na dormência
que precede o sono está o verso
insone, inquieto.
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