24 fevereiro 2012

Poetizar




Um Manoel de Barros me honra o deleite
ao lado de minha perna esquerda
descansa atento meu cão.
de quando em vez passam carros
para desmistificar minha solidão.
Aqui tudo é avesso de vento, motores
e buzinas distantes;
casas madrugam à entrega inquieta
a cada novos abrigados
a rua me reconhece sem remorso
mas com a possível nostalgia
do que ali não habitamos, mas sabemos
sentimos imemorialmente o contrário.

A poesia me é palpável no espelhamento da leitura
porque sou humanamente limitada
corrompem minha leitura conversas
submersas dos mundos alheios
Sinto assim porque pego as minhas chaves
e sigo a saudade transcender o material.
enquanto concentram-se em olhos caninos
silêncios audíveis do bairro mal estrelado
bem recuado, triste;

Porque poetizar é expor silêncios
Ver ruir os tijolos empilhados da evolução.

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