04 janeiro 2010

A casa amarela





O dia só tem 24 horas
E me perdi das casas amarelas
Que costumava construir meu avô
Reflexivas ruas antigas
Onde ele caminhou cheio
De pensamentos; Preocupado
Com o que hoje não passa
De seu descanso
A criação preta e branca de seus filhos
Embaçaram os fatos com o tempo

O dia só tem 24 horas
E as horas realmente passam
Em pouco viram anos, séculos
E nunca estou preparada
Desculpa sempre... Nunca desculpa
Alheia a tudo, não me importa nada
Apenas encontrar a casa
Dentro do beijo do meu avô
Que se inclinava até a testa
E saía... Indiferente e carinhoso

O dia só tem 24 horas
E vejo que termino sempre só
Meus pais embarcaram no último trem
Sorrindo e acenando com as mãos
Eles brigavam, mas o cordão umbilical
Foi desproposto e amarelado
Como a casa que nem cheguei
A visitar
Pois estava sem luz, sem móveis
E sem a idéia de construção e
Cimento

O dia só tem 24 horas
Gira mundo em meu redor à toa
Colorido, cinza, verde...
Vez amarela
Como a espera de voltar à felicidade
Que faltou
Mas os risos ainda bem funcionam
Raspa... Passa... Pára... Desaba
Só não a casa amarela
Que construiu meu avô.

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