03 outubro 2009

Paixão Infernal




Despertei assustado com um sonho medonho, abafei o grito e enxuguei o suor com o lençol, algo queria me atacar, não sei bem, não podia correr e nem gritar. Em segundos estava numa bela praia, pássaros cantavam como gente, eram músicas famosas, havia um rio que corria no meio do mar aberto, havia ainda uma grande cachoeira, e eu, estava relaxada, sozinha, contemplando a beleza daquele lugar sublime, por uma fração ligeira, voei, foi a sensação! Senti o vento em minha face, o corpo suspenso, os braços abertos, eu sorria... Sorria muito, de repente tive medo, olhei para o chão e pensei “se eu cair?”, no mesmo momento eu caí, uma queda tão profunda que não sentia minha pele, só a saliva que transcorria da boca, entrei no chão, foi uma queda comprida e boa até o momento de estar sentada numa cadeira grande, preta, meio velha e com uma pompa de Luiz XV; na minha frente havia uma cadeira igual, e sentada nela, estava o demônio, muito bonito, elegante e extremamente educado: - olá amiga! Bem vinda ao paraíso do fogo! Não havia ruídos ou qualquer barulho, o silêncio era absoluto, e fiquei fascinada pelo rapaz que se dizia Anjo do fogo. Olhei em seus olhos vivos, grandes e negros como a noite, e antes que pudesse piscar os olhos, ele puxou-me e beijou-me a boca levemente, senti o arrepio da paixão, um desespero quase infeliz! Apaixonara-me, e no auge da minha ternura, apareceu subitamente uma mulher irada, com sangue nos olhos, bastante enciumada, louca, queria me bater, e ela era eu! O seu rosto, oh!O seu rosto! Jamais esquecerei que me vi, ali, brigando comigo mesma, disputando a mesma pessoa, Lúcifer! Que loucura! E ela, (ou eu) puxou sua face como se fosse uma máscara, atrás daquilo apareceu outro rosto, reconheci imediatamente, continuava sendo eu, só que velha, velhíssima, as rugas não disfarçavam o pouco de cabelo branco que havia, a pele engilhada, e ela (eu velha e leprosa) puxou uma faca de dentro de sua garganta e correu para a minha direção, o demônio assistia a tudo rindo, gargalhava muito alto, estava realmente satisfeito, num eterno estado de êxtase.Ela cortou-me ao meio simetricamente, entretanto não sentia dor, somente o medo de olhar para ela, estranhamente eu! O diabo puxou um lado de mim, e tornou a beijar-me, foi esplêndido, mágico, caótico e tranqüilo; a velha pegou o outro lado de mim e quis engolir, porém despertei assustado, com um sonho medonho, abafei o grito e enxuguei o suor com o lençol.

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