29 março 2012
A cada encontro far-te-ei poesia
Não vou sobrecarregá-lo meu bem, com
abordagens vãs, já conhecemos o desejo
atraído pelo outro, o estranho nos espreita
para dizer que o ideal não existe, então aceita
o acaso que torna sincero o imperfeito e
passa a ser infinito o momento.
A cada encontro dar-te-ei poesia,
sente a magia plantar também a arte?
Não te precipites, me é dispensável respostas;
tua boca pequena já sussurra silêncios
conversas ao mar os pensamentos infindos
e isso satisfaz perguntas e não promessas
desconhecemos o futuro, mas o seguimos
fielmente. Pisando coisas;
arrastando o chão,
tropeçando sentimentos.
Não quero sobrecarregá-lo, amor,
com minhas desventuras, é suave tua cor
e se tua lombar reclama onde minha
mão não alcança, que águas desnudas
hão de aliviar tuas súplicas?
Levita que a grama nos acomoda essas noites
A lua testemunha o esmorecer do encanto
mas teu semblante, a cada encontro
bem servirá por tu a alimentar a poesia.
21 março 2012
Sálvia Divinorum
O mundo feito em dois minutos.
O mundo em mim, fractal e movido de pintura.
Tudo é borracha densa derretendo balbucios;
Cadê ele? A língua enrola enquanto a boca baba
(vi o duende na floresta) mas cadê ele?
Não era floresta, a casa testemunhava a agonia
Não eram visíveis, os olhos incrédulos creem!
Foi puxada abruptamente a alma, não havia corpo
além do nada, a realidade se desintegra e
transforma-se em nós, agora somos quadros,
uma surrealidade sem importância, pouco importa.
Ninguém nos pintou, é apenas mentira;
O amigo invisível acha engraçada minha cara, minha
calça verde. Todos riem, são desconexas as sensações
num segundo foram esfumaçados o todo individualizado
para comungar ainda mais irreal o que chamamos
morte; ou será nascimento?(se) tanto faz
o corpo desmembra
em ondas de borracha, quadro.
Porque tudo é mentira;
Apenas não a ideia xamânica turva e breve.
Tive medo. Fiquei curiosa:
O duende pegou em minha mão, e a mão não era minha
não havia dedos, porque não havia duende;
eram múltiplas as realidades
o entendimento foi desorientado em túneis
Minha calça não tem cura, é engraçada;
Somos hilários enquadrados de Dali!
Não é liquido nem concreto esse chão colorido,
esses móveis, tudo feito de mentira.
O tempo inexiste, a arte inexiste, a casa inexiste
Só existe o mundo emborrachado,
feito de loucura.
13 março 2012
O amadurecimento do tédio
No passado se quebraram taças matrimoniais
em desesperos dos arrependidos
geravam novos perdidos
desde então, sucessivamente.
Mas isso era no passado. Panelas voavam
de agressões descontroladas, fazendo o medo
(palavra por si só pronunciada
produz o aumento da sensação)
substituir as juras destroçadas, tal qual os cacos.
Porém já foi. O infantil cresceu envergonhado
procurando ao máximo, não incomodar.
O adulto se consolidou firme e
no entanto, fraquejava pelas paralelas
para manter o caminho do meio
sem más precedentes emocionais.
Desde então tudo estagnou de repente
trabalho, saídas forçadas, conversas
ligeiramente cansadas. Tédio absoluto.
O medo do passado, apenas mais amadurecido,
claro, com o mesmo cheiro frio de vento
(mais amargo mais gélido)
Uma tristeza infinita mergulhada no
trago de uísque
aquela brandura inerte no tempo
Ingênua, nem imaginava;
tudo cabia no futuro.
02 março 2012
Música silenciosa
Lembro-me quando as palavras eram
jogadas na mesa, espalhavam-se como um incêndio
pelos ares das praias vizinhas, barulhos
de confusões soavam tiros às renúncias
da prisão. Todos estávamos aprisionados em
tempo, não escaparíamos do futuro ,
hoje o instante cavalga cegamente em círculos
de forma que o passado, mastigado entre vidros
do piso da casa de nossa avó,
desse sinal de partida mais uma vez
quando menos se esperava a poeira esquivava
tão logo transformasse em tornado
quem por perto passasse, mesmo que em miúdos
não escapariam da sutil e singeleza culpa.
tais tormentos bons o foram em amadurecer
frutos, leitos e gentes.
Tanto que amor tornou-me necessário o silêncio,
desde então expulso máscaras para desvestir
ilusões.
Concluo árvores genealógicas enquanto
a música torna líquida a energia emanada.
Sou feita de música silenciosa, respeitosa de noite
além de fantasias. São verdadeiras paixões,
as palavras sobre a mesa.
E pensar como é boba essa vida prevista
Tantos pássaros, e eu aqui versejando.
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