29 outubro 2010
O lustre
Tem um lustre no teto do meu quarto
que me cega
Assim como os conflitos que tenho visto
participado e debatido
me deprimem.
A luz incomoda. Mas é no escuro que o monstro me volta:
A dramaticidade das teias sob a sombra
O tempo esquisito soa pelo fim da tarde
Os raros que me são caros
Queimam os excedentes estocados
na casinha de cachorro do quintal.
No varal, a roupa continua participante/ativa
O sol choca! Perde-se na solidão escura e fria...
E eu, fina, desmancho os planos sociais
Mas não faz mal nem engorda
Vivo no casulo observando um lustre
que aquece meu nada
A coisa passa a não ser nem ruim, nem boa
Como a vida, que continua exatamente
essa mesma pessoa.
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Fina! Ecoam centelhas de chama por toda a parte no teu verso. Mesmo quando se acha que tudo está revirado e não-dito. E é exatamente nesse momento que ele surpreende: na hora em que não esperamos mais do que o poema podia dar, e vc, generosa, contraria-nos com mais pitadas de fogo.
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