04 outubro 2012

Ela




(ou personificação da poesia)


A boca babando regava
a rotina dos próximos dias.
Só agora pude entregar o cansaço ao
deleite horizontal do desligamento;
Restos de ontem saboreiam
a sensação de nunca mais.
Aqui, nesse instante de vida
prendi os joelhos para amenizar a dor
ao meu lado o caderno aberto
capta a realidade que
me encara nos sonhos
enquanto me entrego às suas
inomináveis
estranhas
histórias
reais;

Porque não repousam os tais movimentos?     
Do outro lado foi possível voar
na suprema aparição! Eis que ela surge!
A poesia com silhueta de nuvens
me condena ao paraíso encorporado das
letras,
enfim pude exercitar sobre a inutilidade
emaranhada de registros ausentes
para tropeçar, angustiosamente, em sua
nudez branca, musa sem rosto!
Elegantemente silenciosa
não profere alguma voz senão
através da música,
como um cordão vibrando transparente
para reger os ventos na maestria
delicada da sensibilidade
( mais adotada que imposta)

Só agora pude dividir meu eixo
olhar, conversar com Ela, sem porém
vê-la ou fitá-la de fato,
mais uma empatia absoluta
da filha diante a deusa desavisada
dos sentidos.

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