17 outubro 2012

Balancear






Em torno de mim as mesmas pessoas
através da fechadura da rua
é possível tomar um suco de maracujá
sem importar ser visto.
Aqui, não há muito o que distinguir:
Todos dilatados na moda comum
ávidos por coisa alguma
no dia de amanhã.
Logo pareço dona da própria cor
um bolo de limão e um misto-quente
com guardanapo verde                        
confirmam minha descrição
mando versos para alguéns
e me sinto tão bem vestindo tais mentiras!
                                                             
É que ando apaixonada em não
sentir nada por ninguém
Que posso, então, contra o mundo?
A paz sustenta meu coração
e isso é tudo.



04 outubro 2012

Ela




(ou personificação da poesia)


A boca babando regava
a rotina dos próximos dias.
Só agora pude entregar o cansaço ao
deleite horizontal do desligamento;
Restos de ontem saboreiam
a sensação de nunca mais.
Aqui, nesse instante de vida
prendi os joelhos para amenizar a dor
ao meu lado o caderno aberto
capta a realidade que
me encara nos sonhos
enquanto me entrego às suas
inomináveis
estranhas
histórias
reais;

Porque não repousam os tais movimentos?     
Do outro lado foi possível voar
na suprema aparição! Eis que ela surge!
A poesia com silhueta de nuvens
me condena ao paraíso encorporado das
letras,
enfim pude exercitar sobre a inutilidade
emaranhada de registros ausentes
para tropeçar, angustiosamente, em sua
nudez branca, musa sem rosto!
Elegantemente silenciosa
não profere alguma voz senão
através da música,
como um cordão vibrando transparente
para reger os ventos na maestria
delicada da sensibilidade
( mais adotada que imposta)

Só agora pude dividir meu eixo
olhar, conversar com Ela, sem porém
vê-la ou fitá-la de fato,
mais uma empatia absoluta
da filha diante a deusa desavisada
dos sentidos.