As
palavras, como os objetos, são encontrados
nos
lugares mais inapropriados.
Como a
profundidade da palavra,
se uma
andorinha voando no céu
não
compõe o poema?
Dissipa
na magnitude do voo.
Assim
como o beija-flor parado
em seu
delicado bater de asas
não
compõe o poema;
escorre
na fragilidade da beleza.
As
explosões do astro rei; o contínuo
acordo
entre as luas e as marés,
a
sofisticadíssima tecnologia das plantas;
nada
disso compõe o poema.
A poesia
é a voz que narra o instinto
e vai
compondo a fotografia.
Disseram-me
que as palavras não têm vida,
mas sei
que são recicláveis:
Nada é
estático, tudo se resignifica.