27 agosto 2012

Fatual




 






É novidade arriscar perder a solidão.
ainda escolho produzir encantos
discretíssimos
como se arrancasse um pouco do
chão em que se vai passando
É aí minha mais expressiva contribuição:
Um mundo de conhecimento e eu
vagando superficialmente com sal
e sede, insaciável, para engolir
com os olhos as tais diversidades
dos humanos.

Humanamente humanos espreitam
Percebo que sou eu, apenas eu
um plural de sentimentos
rezando pela unidade do restante.


20 agosto 2012

Conversão





A que momentos devemo-nos à vida?
seria agressivo abdicar dos trilhos
e alimentar as esquinas?
porque não entendo tão claramente as
                       cidades como
entendo as chamas, as chagas e o óbvio.
Cada um confirma a si mesmo
quando executa algum de seus vícios!
É a auto imunidade das mudanças,
veja bem o quanto amo o enigma
dos primeiros encontros,
enquanto os espanto em desequilíbrio
contra a iminência do acaso.
É caso para psicólogo, bem entendo
a independência das minhas exigências.
Sempre se unindo esses paradoxos
vigentes!
São outros mundos em transformação.




Shauara David Acari/RN









Hipóteses


Quando escrevo as minhas coisas é tudo no passado.
Parece até que já tenha morrido...
E daí?
Ou talvez seja a poesia, onde tudo não morre...



[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
  


Núcleo





Primeiro surgiu o deslumbre
depois o espontâneo
descobriu-se a necessidade de regras
alimentada pela ordem do bem geral
afinal, casa só se constrói com disciplina
Então, nos foi dada uma pauta,
logo ao nascer para evitar rupturas
enganar aos poucos a essência
o amor se cabe devagarzinho, passivamente
e depois pede o troco
toda essa gente ai, não me justifica
é incômodo manter certas delicadezas
rudimentar os sentimentos
para enfim despejar os dejetos
no lugar mais frequentado.
Retiro-me da guerra envergonhada
porque somos nós que construímos o inferno.

 

08 agosto 2012

DejaVu II





A angústia não me pressiona mais,
aprendemos uma convivência norteadora
seguimos calmos, sorrindo manhosamente
em função das luas
a solidão nos uniu, nos tornou inquietante
parceria. A destreza dos brindes combinados
cantam. Estou feliz por estar feliz
quanta ingenuidade!
(meio falsa ela engana, a pureza está na angústia!)
toda pureza desperta angústia:
O bocejo do recém-nascido
A assiduidade do velho na praça
Aquela desabituada esquina.
Será inveja que a felicidade se aproxima?
Tantos rituais e eu repetindo ideias,
hoje lembrei de atravessar teu beijo
assaltar teu momento, onde quer que estejas,
nem me instiga saber
relativamente vou recuperando o sentido
de frieza.
Nós na mesa, sem precisar falar para
pedir a manteiga
nós, muito mais velhos que ontem
saboreando a malícia inculta dos meninos
isso insulta e alimenta o que sentimos.